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BÍBLIA


As cartas de São Paulo

Fonte: http://www.presbiteros.com.br/site/as-cartas-de-sao-paulo/
A tradição cristã reconheceu 14 cartas de são Paulo das 21 do Novo Testamento. As cartas na antiguidade Greco-romana eram de dois gêneros: as cartas familiares, comerciais, políticas etc. e as epístolas, espécie de tratados sobre um certo tema, dedicados a alguma personalidade, a um amigo ou familiar.  Os escritos paulinos são de ambos gêneros.
A ordem em que aparecem na Bíblia é artificial. São agrupadas primeiro as que se dirigem às comunidades, depois à pessoas particulares, primeiro as mais longas e depois as mais curtas. A Epístola aos Hebreus é uma exceção, pois sempre está colocada no final de todas. As cartas não aparecem pois em ordem cronológica na Biblia.
As cartas aos Tessalonicenses: são consideradas por todos os estudiosos como as primeiras cartas de São Paulo (e primeiras do Novo Testamento). Foram escritas em Corinto entre os anos 50 e 52.
Essas cartas tratam fundamentalmente da Parusia, ou segunda vinda de Cristo e da ressurreiçãodos mortos. O Apóstolo diz que desconhece o tempo dos acontecimentos porque não foram revelados por Cristo e poe  ênfase na vigilância e na importância do trabalho. Chega a dizer o Apóstolo: “quem não quiser trabalhar, que também não coma” (2 Tes 3,10).
As grandes Epístolas:
São assim chamadas as cartas aos Gálatas, 1ª e 2ª aos Coríntios e aos Romanos, escritas durante a terceira viagem missionária (53-58 d.C.).
Gálatas: o tema principal é o da liberdade dos cristãos, relativamente ao cumprimento das complexas prescrições do Judaísmo. Alguns pensavam que era necessária a observância da Lei de Moisés e de suas tradições orais para a salvação. Essa controvérsia (que já estava resolvida pelo concílio apostólico de Jerusalém) ofereceu ocasião de explicar o valor redentor da Paixão de Cristo, na qual nos inserimos pela fé e pelo Batismo, com absoluta independência da Antiga Lei, pedagoga da história da Salvação.
Coríntios: a cidade de Corinto era uma cidade com 2 portos, era uma das cidades mais importantes do Império Romano. Tinha muitas religiões, cheia de degradação moral e religiosa. Aí havia o culto a Afrodite e as mil sacerdotisas dedicadas ao culto a essa deusa, por meio da “prostituição sagrada”. No entanto essa comunidade estava repleta das graças de Deus, com uma grande diversidade de carismas especiais. A primeira epístola aborda o tema da unidade dos cristãos e dos cristãos, pois havia ali divisões (partidos) entre os neófitos. Censura com energia os abusos morais mantidos por alguns cristãos convertidos, e tolerados pela comunidade (caso do incestuoso). Por isso explica a natureza do matrimonio e da castidade(cap. 7). Responde à questão da liceidade de comer carne de animais sacrificados aos ídolos. Entre os temas importantíssimos que trata são Paulo nessa carta está o tema da Eucaristia(sua instituição pelo Senhor, a presença real de Cristo nas espécies eucarísticas, e a disciplina sobre o Ágape, que acompanhava as Eucaristias). Trata também o tema da ressurreição dos mortos (cap. 15), e da ordenação dos carismas do Espírito Santo.
Na Segunda Epístola: trata de defender sua autoridade de Apóstolo, negada por alguns. Diz que foi chamado diretamente por Cristo e foi incorporado ao grupo dos Doze. Aí aparece o coração de pastor de São Paulo, o amor pelos seus filhos na fé e a fortaleza do seu espírito, e o sentido de sua responsabilidade que lhe exige a sua vocação.
Romanos: é a mais longa de seu epistolário e é considerada a mais importante. Trata da obraredentora de Cristo (aprofundando a carta aos Gálatas). Começa com uma profunda saudação e segue dando uma visão da humanidade não redimida; contempla a degradação moral dos gentios e os pecados semelhantes dos judeus, para concluir na necessidade da Redençãorealizada por Cristo para alcançar o perdão de Deus e a graça. A salvação provem unicamente de Cristo e a ela aderimos pela fé, dom gratuito de Deus, não efeito das nossas obras. O Batismo nos enxerta em Cristo, podemos e devemos fazer o bem, praticar a virtude, pelo Espírito Santo, que habita em nós e completa a obra da justificação começada por Cristo, tornando-nos santos e filhos adotivos do Pai. A segunda parte da carta São Paulo aplica a doutrina ao comportamento moral do cristão: a “vida no Espírito” é o cristão que se deixa guiar pelo Espírito, que lhe dá uma vida nova, com todas suas conseqüências.
Epístolas do Cativeiro:
Paulo as escreveu no seu cativeiro em Roma, entre os anos 58 e 63.
Filêmon: enviada ao cristão Filêmon para que esse receba a Onésimo, escravo dele que se tinha fugido e refugiado em Roma, onde se tinha convertido, por meio de São Paulo. O Apóstolo ensina que eles agora são irmãos e assim devem ser tratados.
Filipenses: a comunidade de Filipos era constituída por antigos legionários retirados, com suas famílias. São Paulo os considerava seus queridos filhos, com uma fidelidade inquebrantável e generosa correspondência. O ponto doutrinal mais importante é o hino cristológico (Fil 2,6-11) que canta a humilhação de Cristo na sua encarnação, vida morte e sua gloriosa ressurreição.
Colossenses: essa comunidade enfrentava dificuldades doutrinais, pois alguns pregavam que Cristo era um ser intermédio entre Deus e a matéria. São Paulo então aprofunda temas capitais sobre Cristo. Ele é superior a todos os seres, a todos os anjos. Por isso afirma: “em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente” (Col 2,9). Jesus Cristo é pois Deus eterno, que ao tomar a natureza humana não deixa de ser Deus e, portanto, é o primeiro e superior a todos. Depois São Paulo dá diversos ensinamentos morais aos cônjuges, servos e senhores.
Efésios: é o ponto culminante no itinerário espiritual e doutrinal de São Paulo, no que diz respeito ao mistério de Cristo, da obra da Redenção e da teologia da Igreja. Trata quase os mesmos temas de Col. com maior profundidade e serenidade. Aí afirma que Cristo Jesus é acabeça de todos os seres, tanto celestes quanto terrestres. O seu senhorio é absoluto e Ele é o Salvador de todos. Ef 1,3-14 é um grande hino que louva o plano salvador de Deus por meio de Cristo em favor da humanidade. Contempla o mistério profundo da Igreja na sua unidade e totalidade inseparáveis, instrumento universal da salvação que Cristo criou como Seu Corpo, Sua plenitude, Sua esposa imaculada, para aplicar à humanidade a salvação que Ele realizou com sua morte e ressurreição. Todo fiel deve pois viver a unidade na caridade, pois forma parte de um só corpo com Cristo, animado pelo mesmo Espírito.
Epístolas Pastorais:
Esses escritos (1 e 2 Tim. e Tito) são para orientar e ajudar aos discípulos na sua tarefa de auxiliares de São Paulo no governo pastoral de várias Igrejas. Aqui São Paulo afirma que o conteúdo da lei moral natural presente na Lei de Moisés não caducou; também vai explicar que a Igreja tem uma ordem e uma disciplina (como tratado na carta aos Coríntios). A hierarquia eclesiástica esta em período de gestação, ainda não distinguiu um vocabulário preciso para designar os ofícios dos bispos e dos presbíteros, ainda que seja clara a ordem diferente debispos e presbíteros, dum lado, e os diáconos, do outro. Nas Cartas de Santo Inácio de Antioquia (morto em 107) a instituição dos diversos graus da ordem está perfeitamente determinada. Nessas cartas Paulo se preocupa em consolidar as Igrejas já fundadas.
Epístola aos Hebreus:
Muito provavelmente foi escrita por um discípulo de São Paulo, mas transmitem as idéias do Apóstolo. Foi escrita a um grupo de cristãos provenientes do judaísmo, na qual predominava um número de sacerdotes e levitas do Templo de Jerusalém. São Paulo se dirige a eles para os reconfortar na fé, argumentando para eles que os antigos sacrifícios do Templo, e o próprio Templo não eram senão uma figura, uma sombra antecipada da realidade do único sacrifício que é o de Cristo, verdadeiro Templo e Sumo Sacerdote. Aqui São Paulo desenvolve a doutrina sobre o sacerdócio e o sacrifício de Cristo.
Ano  Cronologia tradicional (Vida)
8 d.C.  Nascimiento
33  Conversão
36  Jerusalén (1ª visita)
46  Jerusalén (fome): Hch 11
47-48  Primeiro viajem missionário
49  Conferência apostólica
50  Chegada de Paulo a Corinto
51/52  Paulo deixa Corinto
53  Paulo chega a Éfeso
56  Paulo deixa Éfeso
56  Paulo chega a Corinto
57  Paulo em Filipos
57  Paulo chega a Jerusalén
59  Paulo ante Festo
60  Paulo llega a Roma
Ano  Cronologia tradicional (Cartas)
50/51 1  Tesalonicenses: Corinto
51/52 2  Tesalonicenses: Corinto
56 1  Corintios: Éfeso
57 2  Corintios: Macedonia
57/58  Gálatas: Macedonia/Corinto
58  Romanos: Corinto
Filipenses
Filemón
61-63  Colosenses: Roma
61-63  Efesios: Roma
61-63 2  Timoteo: Roma

Criação e Gênesis

Fonte:http://www.veritatis.com.br/apologetica/biblia-tradicao-magisterio/9320-criacao-e-genesis

Os fundamentalistas costumam fazer um teste de ortodoxia cristã sobre acreditar que o mundo foi criado em seis dias de 24 horas e que outras interpretações de Gênesis 1 não são possíveis. Eles afirmam que, até recentemente, essa visão do Gênesis foi a única aceitável - de fato, a única que havia. 

Os escritos dos Padres, que eram muito mais próximos do que nós no tempo e cultura do público original do Gênesis, mostram que esse não era o caso. Houve grande variação de opinião sobre quanto tempo levou a criação. Alguns disseram que apenas alguns dias, outros argumentaram por um período muito mais longo, por tempo indeterminado. Aqueles que tomaram a última visão apelaram para o fato "de que com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia" (II Pe 3:8; cf. Sl 90:4), que a luz foi criada no primeiro dia, mas o sol não foi criado até o quarto dia (Gn 1:3, 16), e que foi dito a Adão que ele iria morrer no mesmo "dia" enquanto comia da árvore, mas ele viveu até os 930 anos de idade (Gn 2:17, 5:5).

Os católicos têm a liberdade para acreditar que a criação teve alguns dias ou um período muito mais longo, segundo a maneira como eles veem a evidência, e estão sujeitos a qualquer julgamento futuro da Igreja (Encíclica Humani Generis 36-37,1950, de Pio XII). Eles não precisam ser hostis à cosmologia moderna. O Catecismo da Igreja Católica afirma: "Muitos estudos científicos... enriqueceram esplendidamente o nosso conhecimento sobre a idade e as dimensões do cosmo, o desenvolvimento de formas de vida, e o aparecimento do homem. Estes estudos nos convidam a uma maior admiração pela grandeza do Criador." (CIC 283). Ainda assim, a ciência tem seus limites (CCC 284, 2293-4). As seguintes citações dos Padres mostram como eram amplamente divergentes as visões dos primeiros cristãos.

Justino Mártir

"Porque, como foi dito a Adão que no dia em que ele comesse da árvore ele iria morrer, sabemos que ele não completou mil anos [Gn 5:05]. Percebemos, ainda, que a expressão "O dia do Senhor é como mil anos" [Sl 90:4] está relacionada a este assunto." (Diálogo com o judeu Trifão 81 [155 d.C.]).

Teófilo de Antioquia

"No quarto dia, os luzeiros vieram à existência. Visto que Deus tem presciência, ele entendeu o absurdo dos filósofos tolos que iam dizer que as coisas produzidas na terra vêm das estrelas, de modo que eles pudessem pôr Deus de lado. Portanto, a fim de que a verdade pudesse ser demonstrada, plantas e sementes surgiram antes das estrelas. Pois o que passa a existir mais tarde não pode causar o que é anterior a si." (Para Autólico 2:15 [181 d.C.]).

"Todos os anos a partir da criação do mundo [ao tempo de Teófilo] quantidade a um total de 5.698 anos e meses e dias ímpares... Ainda que um erro cronológico tenha sido cometido por nós, por exemplo, de 50 ou 100 ou até 200 anos, não houve milhares e dezenas de milhares, como Platão e Apolônio e outros autores mentirosos escreveram até agora. E, talvez, o nosso conhecimento de todo o número dos anos não seja muito preciso, porque os meses e dias ímpares não estão estabelecidos nos livros sagrados." (Ibid., 3:28-29).

Irineu

"E há alguns, mais uma vez, que relegam a morte de Adão até o ano milésimo, pois uma vez que "um dia do Senhor é de mil anos", ele não ultrapassou os mil anos, mas morreu dentro de si, corroborando, portanto, a sentença de seu pecado" (Contra as Heresias 5:23:2 [189 d.C.]).

Clemente de Alexandria

"E como poderia a criação ocorrer no tempo, vendo que o tempo nasceu junto com as coisas que existem?... Isso, então, podemos ser ensinados que o mundo se originou e não suponha que Deus o fez no tempo, a profecia acrescenta: "Este é o livro da geração, também das coisas em si mesmas, quando foram criados, no dia em que Deus fez o céu e a terra." [Gn 2:04]. 

Pois a expressão 'quando foram criados' sugere uma produção indefinida e sem data. Mas a expressão "no dia em que Deus os fez", isto é, em e por que Deus fez "todas as coisas" e "sem que nem mesmo uma coisa foi feita", aponta a atividade exercida pelo Filho." (Miscelâneas 6:16 [208 d.C.]).

Orígenes

"Pois quem tem entendimento vai supor que o primeiro e o segundo e terceiro dia existiram sem o sol e a lua e as estrelas, e que o primeiro dia foi, por assim dizer, também sem um céu?... Eu não suponho que alguém duvide que essas coisas indicam figurativamente certos mistérios, sendo que a história ocorreu em aparência e não literalmente." (As Doutrinas Fundamentais 4:1:16 [225 d.C.]).

"O texto diz que "houve a tarde e a manhã", não disse "o primeiro dia", mas disse que "um dia." É porque ainda não havia tempo antes que o mundo existisse. Mas o tempo começa a existir com os seguintes dias" (Homilias sobre o Gênesis [234 d.C.]).

"E uma vez que ele [o pagão Celso] faz as declarações sobre os "dias da criação", fundamento da acusação, como se ele os entendesse clara e corretamente, algumas das quais decorreu antes da criação da luz e do céu, o sol e a lua e as estrelas, e alguns deles após a criação destes, só devemos fazer esta observação, que Moisés deve ter esquecido que ele tinha dito um pouco antes", que em seis dias a criação do mundo tinha sido acabada" e que, em consequência deste ato do esquecimento ele acrescente a estas palavras o seguinte: "Este é o livro da criação do homem no dia em que Deus fez o céu e a terra [Gn 2:4]'" (Contra Celso 6:51 [248 d.C.]).

"E no que diz respeito à criação da luz no primeiro dia... e das [grandes] luzes e estrelas sobre o quarto... temos tratado com o melhor de nossa capacidade em nossas notas sobre o Gênesis, bem como nas páginas anteriores, quando encontramos a falha com aqueles que, tomando as palavras em seu significado aparente, disseram que o tempo de seis dias foi ocupado na criação do mundo" (ibid., 6:60).

"Pois ele [o pagão Celso] não sabe nada sobre o dia do sábado, e o descanso de Deus, que segue a conclusão da criação do mundo, e que dura durante a duração do mundo, e no qual todos aqueles manterão o festival com Deus, que tem feito todo o seu trabalho em seus seis dias." (ibid., 6:61).

Cipriano

"Os sete primeiros dias no arranjo divino contêm sete mil anos" (Tratados 11:11 [250 d.C.]).

Vitorino

"Deus produziu toda a massa para o adorno de sua majestade em seis dias. No sétimo dia, ele consagrou com uma bênção." (Sobre a Criação do Mundo [280 d.C.]).

Lactâncio

"Portanto, que os filósofos, que enumeram milhares de eras desde o início do mundo, saibam que o ano 6.000 ainda não está completo... Portanto, uma vez que todas as obras de Deus foram concluídas em seis dias, o mundo deve continuar em seu estado atual através de seis eras, ou seja, seis mil anos. Pois o grande dia de Deus é limitado por um círculo de mil anos, como mostra o profeta, que diz: "Na tua face, Senhor, mil anos são como um dia [Sl 90:4]'"(Institutos Divinos 7:14 [307 d.C.]).

Basílio Magno

"E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia." Por que ele disse 'um' e não 'primeiro'?... Ele disse 'um', porque ele estava definindo a medida de dia e noite... dado que 24 horas preenchem o intervalo de um dia." (Os Seis Dias de Trabalho 1:1-2 [370 d.C.]).

Ambrósio de Milão

"A Escritura estabeleceu uma lei de que a 24 horas, incluindo o dia e a noite, deve ser dado o nome do único dia, como se fosse para dizer o comprimento de um dia é de 24 horas de extensão... As noites neste cálculo são consideradas partes componentes dos dias que são contados. Portanto, assim como há uma única revolução do tempo, há apenas um dia. Há muitos que chamam mesmo uma semana de um dia, porque ela retorna a si mesma, assim como um dia faz, e pode-se dizer que sete tempos giram sobre si mesmos." (Hexamerão [393 d.C.]).

Agostinho

"Não raro acontece que algo sobre a terra, sobre o céu, sobre outros elementos deste mundo, sobre o movimento e rotação ou até mesmo a magnitude e as distâncias das estrelas, sobre eclipses definitivos do sol e da lua, sobre a passagem do anos e estações, sobre a natureza dos animais, de frutas, de pedras, e de outras coisas parecidas, possa ser conhecido com a maior certeza pelo raciocínio ou pela experiência, até mesmo por quem não é cristão. É muito vergonhoso e desastroso, porém, e muito digno de ser evitado, que ele [o não cristão] deva ouvir um cristão falar tão estupidamente sobre estas questões, e como se de acordo com escritos cristãos, para que pudesse dizer que ele mal poderia rir quando viu como totalmente em erro eles estão. Em vista disso e em mantê-lo em mente constantemente ao lidar com o livro de Gênesis, eu expliquei, na medida em que eu era capaz, em detalhes e estabeleci para consideração os significados das passagens obscuras, tomando cuidado para não afirmar precipitadamente um significado em prejuízo de outro e talvez melhor explicação" (A Interpretação Literal do Gênesis 1:19-20 [408 d.C.]).

"Com as escrituras, é uma questão de tratar sobre a fé. Por essa razão, como já observei várias vezes, se alguém, sem entender o modo de eloqüência divina, encontrar alguma coisa sobre estas questões [sobre o universo físico] em nossos livros, ou ouvir o mesmo desses livros, de tal natureza que pareça estar em desacordo com as percepções de suas próprias faculdades racionais, que ele acredite que essas outras coisas não são de modo algum necessárias às admoestações ou contas ou previsões das escrituras. Em suma, deve-se dizer que os nossos autores sabiam a verdade sobre a natureza dos céus, mas não foi a intenção do Espírito de Deus, que falou através deles, ensinar aos homens tudo o que não seria de utilidade para eles para sua salvação" (ibid., 2:9).

"Sete dias por nosso cálculo, segundo o modelo dos dias da criação, perfazem uma semana. Pela passagem de tais semanas o tempo passa, e nestas semanas um dia é constituído pelo curso do sol a partir da sua ascensão à sua configuração, mas devemos ter em mente que esses dias de fato recordam os dias da criação, mas sem ser de forma alguma realmente semelhante a eles." (ibid., 4:27).

"Pelo menos sabemos que ele [o dia da criação do Gênesis] é diferente do dia comum com o qual estamos familiarizados." (ibid., 5:2).

"Porque nesses dias [de criação] a manhã e a noite são contadas até que, no sexto dia, todas as coisas que Deus então fez foram terminadas, e no sétimo no repouso de Deus foi misteriosamente e sublimemente sinalizado. Que tipo de dias esses foram é extremamente difícil ou talvez impossível para nós conceber, e quanto mais a dizer!" (A Cidade de Deus 11:06 [419 d.C.]).

"Nós vemos que os nossos dias normais não têm noite, mas pela fixação [do Sol] e não da manhã, mas pelo nascer do sol, mas os três primeiros dias de todos foram passados sem sol, uma vez que é relatado ter sido feito no quarto dia. E antes de tudo, na verdade, a luz foi feita pela palavra de Deus, e Deus, lemos, separou da escuridão e chamou a luz "dia" e às trevas "noite", mas que tipo de luz que era, e por qual movimento periódico fez tarde e manhã, está além do alcance dos nossos sentidos, nem podemos entender como ele era e no entanto devemos acreditar sem hesitação." (ibid., 11:7).

"Eles [os pagãos] são enganados, também, por esses documentos altamente mentirosos que professam dar a história do [homem] como a de muitos milhares de anos, embora calculando pelos escritos sagrados, descobrimos que 6.000 anos ainda não se passaram" (ibid., 12:10).

* Traduzido por Marcos Zamith, para o Veritatis Splendor, do original em inglês "Creation and Genesis" do website Catholic Answers (http://www.catholic.com).

Doutrina Bíblica sobre os Anjos


Pe. Casemiro Biesek
is aqui, como na SUMA TEOLÓGICA, Santo Tomás de Aquino - na Questão 108, Artigo 5 - ensina sobre as ordens hierárquicas dos Espíritos Celestes. E já que Hierarquia é um termo grego que significa "poder sagrado", Dionísio esclarece que esses Espíritos se assemelham 'a forma divina - o quanto possível - lembrando, porém, que sua semelhança divina não lhes cabe por natureza e sim por graça de Deus.
Pois bem, o Doutor Angélico defende sua classificação hierárquica pelo Antigo e Novo Testamentos, como a seguir veremos.
Ele inicia pelos SERAFINS, lembrados em Isaías ( 6, 2); os QUERUBINS , referidos pelo profeta Ezequiel (10, 15 e ss); os TRONOS constam na Carta de S. Paulo aos Colossenses (1, 16); e, em Efésios (1,21) - o Apóstolo lembra : DOMINAÇÕES, VIRTUDES, POTESTADES e PRINCIPADOS; dos ARCANJOS nos fala a Carta Canônica do Apóstolo São Judas. Enfim, os ANJOS perpassam do primeiro livro bíblico ao último - o Apocalipse de São João Evangelista.
Sendo assim, diz São Tomás que é dos próprios nomes dos nove Coros dos Espíritos Celestes que nascem as suas características, ou seja, pelas designações desses Santos Espíritos se deduzem as funções a que Eles são destinados pelo Criador, junto a nós.
Para concluir qual seria a característica e especialidade de cada uma das nove ordens de Anjos, devemos considerar três aspectos dessas catalogações:
  1. Quanto à propriedade de alguma coisa, em relação à sua finalidade e se ela se ajusta ou seja proporcional à sua natureza;
  2. Por certo excesso, quando a atribuição é menor do que a função, a exemplo de um sargento que executasse o trabalho de um cabo;
  3. Por participação, quando aquilo que se atribui a alguém, não lhe condiz plenamente, mas com certa impropriedade, como chamar aos santos homens de deuses; ou chamar ao homem de substância intelectual, em vez de substância racional, porque a primeira é a designação própria dos Anjos, a quem se atribui, como propriedade; ao passo que, somente por participação ou excesso, no segundo exemplo.
Há discrepância, entretanto, na ordenação dos Espíritos Celestes, entre Dionísio que discrimina esses seres pelas suas perfeições espirituais; ao passo que Gregório os classifica considerando mais os ministérios, serviços exteriores ou atividades. Assim, o último os denomina Anjos, porque eles anunciam acontecimentos menores; enquanto os Arcanjos revelam fatos mais relevantes; as Virtudes porque por esses recursos eles operam milagres; as Potestades, porém, por esses poderes repelem seus adversários e os Principados, enfim, dirigem todos os bons Espíritos.
Assim, pela hierarquia, em forma ascendente, temos:
1Os ANJOS, isto é, Mensageiros. E desta forma, todos os Espíritos Celestes são nomeados ANJOS, enquanto são Anunciadores das vontades divinas. Mas aqueles que gozam de certa excelência, nessas manifestações, pertencem a graus superiores . Ora, os menores anjos são denominados como Ordem dos Anjos, simplesmente, porque eles se comunicam com os homens, diretamente, sem intermediários.
2.VIRTUDES, porque estes constituem o meio-termo entre essência e operação; e assim, todos os Espíritos Celestes também se dizem Virtudes Celestes. De outra forma, e porque ostentam certo excesso de força, por isso são classificados, como Ordem das Virtudes. Nesse sentido, São Jerônimo ensina que o nome de Virtudes significa uma certa fortaleza viril e imbatível, especialmente em todas as operações divinas. E mais, estão prontos a receber todas as inspirações divinas e sem temor levá-las a efeito: o que caracteriza a fortaleza de ânimo ou virtude destemida.
3.DOMINAÇÕES: - Segundo Dionísio - Dominação é um louvor a Deus, por uma espécie de exagero e participação do poder divino desses Anjos: é que a palavra de Deus chama-lhes DÓMINOS (Dominadores), porque por seus grandes predicados, eles lembram o Senhorio de Deus e assim iluminam seus subordinados, através desses mesmos dons. Ora, São Jerônimo explica o nome Dominações, cujo sentido é: a) - Certa liberdade, isenta da condição servil e livre também de sujeição que a plebe sofre pela tirania, a qual atinge até classes superiores; b) - Certa liderança inflexível que não se rende a qualquer ato de subserviência nem tolera outros atos de servilismo ou opressão, provenientes de tiranos; c) - Um anseio e participação de autêntico Domínio que é exclusivo de Deus. - Do mesmo modo, o nome de qualquer hierarquia significa igualmente participação do que emana de Deus. Assim, as Virtudes porque representam a Força de Deus. E por sua vez, Dominações, porque só o "Dóminus" (Senhor) pode ordenar o que deve ser feito no mundo. Daí diz também Gregório que certas legiões de Anjos estão simplesmente subordinadas à obediência e chamam-se por isso Dominações.
4.POTESTADES, no entanto, têm uma conotação de toda forma de poder. É por esse motivo que Paulo, na Carta aos Romanos (13, 2) diz: "Quem resiste ao Poder, resiste à ordenação de Deus". E, em vista disso, completa Dionísio, que o vocábulo Potestade soa como uma ordem e acatamento às disposições divinas mediante as quais os Superiores atuam sobre os súditos, conduzindo-os para o alto. Portanto, à ordem de Potestades, cabe comandar aos subalternos, no que eles devem fazer.
5.PRlNCIPADOS, vêm de Príncipe ou aquele que, entre os demais, é o primaz e como tal deve ser também o primeiro, na execução do que for mandado pelo Príncipe. Principados são, portanto, os que conduzem com ordem sagrada - segundo São Jerônimo. Nesse sentido, os que conduzem os outros Anjos, sendo os primeiros entre todos, podem ser chamados de Príncipes, como reza o Salmo 67. 26: -". A frente vieram os Príncipes, seguidos pelos que salmodiavam."
6.ARCANJOS - conforme Dionísio - são os que medeiam, entre os Principados e os Anjos. Assim, os Arcanjos são como que PRÍNCIPES - ANJOS, já que em relação aos Anjos, eles são Príncipes; porém, em confronto com os Principados, ficam sendo só Anjos. E, São Gregório acrescenta: - "Chamam-se eles Arcanjos porque eles só presidem aos Anjos, anunciando grandes eventos." Todavia, são eles igualmente Principados, uma vez que presidem a todas as Virtudes Celestes que cumprem as ordenações divinas.
7.SERAFINS - nome que procede não só da Caridade, mas da superabundância da Caridade que lhes advém do ardor ou inflamação desse Amor, visto que Dionísio traduz o nome SERAFINS pelas propriedades de fogo, donde emana o excesso de calor. É que no fogo três características sobressaem: a) - Movimento continuado e para o alto ou seja para Deus; b) - O Poder de ser quente e ativo, pois, não só é inerente ao fogo, como atuante com penetração, entranhando-se no interior com ardente calor; assim, os Anjos excitam o fervor nos seus protegidos e os purificam integralmente pela sua incandescência; c) - Produz ainda claridade luminosa e dessa forma os Anjos, com sua luz inapagável, iluminam perfeitamente os outros seres.
8.QUERUBINS - cujo nome nasce do excesso de sua ciência ou plenitude de saber e, segundo Dionísio, apresentam quatro aspectos:
a)Levam à perfeita visão de Deus;
.b)Recebem a plenitude da luz divina;
c)Contemplam no próprio Deus a [...]
c)As restantes ordens localizou-as, na terceira hierarquia, porque as designações deles conduzem à execução.
Explicitando esses três critérios de hierarquização dos Espíritos Celestes, convém discernir 3 aspectos, quanto ao fim:
a)Visar a finalidade;
b)Compreender perfeitamente esse fim;
c)Fixar nosso intento no próprio fim.
Sendo que o segundo item se completa com o primeiro e o terceiro integra-se a ambos. E como Deus é o fim último da Criação, como o Marechal é o último posto da hierarquia do exército, pode acontecer o mesmo nas relações humanas: pois, poucos têm esse algo de dignidade, para que possam, por si mesmos, achegar-se ao Rei ou Chefe; outros ainda têm algo mais, de modo que tenham acesso aos segredos do Rei; e que outros, enfim, vivem em tomo dele, como seus adidos e assistentes. E por essa linha de raciocínio, podemos aceitar a disposição das ordens da 1a. hierarquia. É que os Tronos se elevam tanto, a fim de receberem de Deus, familiarmente, em si mesmos e por essa razão, nele podem conhecer, diretamente, as razões últimas das coisas:- privilégio esse cabível também a toda 1a. hierarquia.
Entretanto, os Querubins conhecem os segredos divinos, supereminentemente.
9.Os Serafins, porém, ultrapassam, no aspecto máximo, entre todos, como seja, unir-se ao próprio Deus, de tal modo que o que é comum a toda a hierarquia número 1, chame-se Ordem dos Tronos, à semelhança do que ocorre com aquilo que é comum a todos os Espíritos Celestes e assim os nominemos de Ordem dos Anjos.
Quanto ao aspecto de governança, temos também 3 aspectos:
  1. Definir aquilo que deve ser feito: caracteriza DOMINAÇÕES;
  2. Fornecer os meios de execução: é o atributo das VIRTUDES;
  3. Caracterizar como os mandatos ou missões devam ser executados: eis ai o papel das POTESTADES.
Quanto à execução dos desempenhos dos Anjos: o principal é a anunciação das coisas divinas. Entretanto, na execução de quaisquer atos, acontecem procedimentos iniciais, seguidos dos decisivos, como no coral que é regido pelo maestro e, numa batalha, a execução é dirigida pelo comandante; e ambos dirigem e conduzem os outros.
E essa é a missão dos PRINCIPADOS.
Outros simplesmente só executam, como fazem os ANJOS.
Outros, no entanto, ficam no meio-termo: e esses são os ARCANJOS.
Parece, pois, correta essa classificação das Ordens Angélicas: é que há sempre afinidade do mais categorizado Anjo da ordem inferior, com a última da superior. - como animais de última categoria se assemelham a plantas da mais alta estirpe.
A primeiríssima ordenação existe entre as Divinas Pessoas que termina com o ESPÍRITO SANTO, o qual é AMOR procedente. Com esta Divina Pessoa, com a qual tem afinidade, a ordem suprema da primeira hierarquia - os SERAFINS - inflamados pelo incêndio de Amor, como do Amor recíproco do PAI e do FILHO, procede o Espírito Santo.
A menor ordem da Primeira Hierarquia são os TRONOS, quer dizer, conforme Gregório: ''Por eles Deus executa os seus Juízos"; recebem, no mais, iluminações divinas para esclarecer a Segunda Hierarquia , à qual pertence a dispensação dos divinos ministérios.
A ordem das POTESTADES, no entanto, tem afinidade com a ordem dos PRINCIPADOS, já que às POTESTADES, assiste o direito de ordenar aos subordinados e esta mesma ordem logo se resume em PRINCIPADOS, que são os primeiros na execução dos divinos ministérios, ou seja, são os prepostos ao império dos povos e reinos, atributo número I, entre os divinos ministérios. E como diz Aristóteles : -"O bem do povo é mais divino do que o bem de um homem só". Assim, também o profeta Daniel diz: - "O príncipe do reino dos persas resistiu a mim".
Todavia, a disposição gregoriana tem lá sua importância e pertinência. É que por serem as DOMINAÇÕES as que definem e mandam, nas coisas que pertencem aos divinos ministérios, os hierarcas que lhes são sujeitos devem se conformar com as determinações daqueles que executam os ministérios divinos. A propósito Santo Agostinho ensina: - "Os corpos são regidos por determinada ordem: - os inferiores pelos superiores e todos pela criatura espiritual e até o mau espírito, pelo espírito bom."
A primeira hierarquia, após as DOMINAÇÕES, chama-se a dos PRINCIPADOS, que presidem aos bons Espíritos.
A seguir, as POTESTADES pelas quais são expulsos os maus espíritos, do mesmo modo que os poderes terrenos subjugam os malfeitores, como bem afirma São Paulo aos Romanos (13, 3-4): ''Porque os governantes não metem medo em vista das boas obras, mas pelas perversas. Ora, queres não temer a Autoridade? Faze o bem e receberás dela elogios. É que o Poder é para ti instrumento de Deus e meio pelo qual te impulsiona para o bem. Se, entretanto, praticas o mal, treme, porque não é à toa que ele empunha uma espada. É realmente o instrumento de Deus para aplicar justo castigo àquele que opera o mal."
Depois vêm as VIRTUDES, que têm poder sobre a Natureza corporal, na operação de milagres.
E pela ordem, enfim, ficam os ARCANJOS e ANJOS que anunciam aos homens coisas altas ou acima da razão; ou então as pequenas, que a nossa razão alcança e compreende.
CONCLUSÃO:
Estas são as informações que os Padres e Doutores da Igreja antiga nos oferecem sobre os HIERARCAS CELESTES, distribuídos pelas suas Nove Denominações bíblicas, com seus desempenhos junto ao povo de Deus e o próprio DEUS.

As Fontes da Teologia: as Sagradas Escrituras


1.      A Sagrada Escritura, alma da Teologia;
2.      O Cânon Bíblico;
3.      Inspiração da Escritura;
4.      A hermenêutica bíblica;
5.      Sagrada Escritura, Igreja e Teologia.
1.      A Sagrada Escritura, alma da Teologia:
A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita e tem lugar especial na vida da Igreja. Contem a mensagem divina da salvação que sob a inspiração do mesmo Espírito Santo que falou pelos profetas, foi redigida pelos escritores sagrados, entre eles os Apóstolos.
Encontra-se intimamente unida à Tradição, que deriva dos Apóstolos e cresce na Igreja com a ajuda do Espírito Santo.
 ”A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (Dei Verbum 9).
 ”A sagrada Teologia apóia, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura” (Dei Verbum 24). 
2.      O Cânon Bíblico;
Cânon é um padrão, uma norma que julga um pensamento ou uma doutrina. O cânon bíblico é o conjunto dos livros que a Igreja considera oficialmente como base da sua doutrina e dos seus costumes, pelo fato de serem inspirados por Deus.
A canonicidade não supõe a autenticidade literária. Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a Carta aos Hebreus fosse obra de São Paulo. Hoje isso não é aceito na ciência bíblica, mas com isso essa carta não deixa de ser canônica e inspirada por Deus.
O cânon bíblico foi definido tal como o conhecemos hoje por volta do ano 300. Os critérios que determinaram o reconhecimento dos livros como Palavra de Deus foram os seguintes: uma reta regra de fé, uma clara origem apostólica (para os livros do Novo Testamento) e o uso habitual no culto.
 ”A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé” (Dei Verbum 21).
3.      Inspiração da Escritura;
A inspiração da Sagrada Escritura é um carisma, um dom do Espírito Santo, que atuou nos escritores sagrados. É a ação do Espírito Santo na alma dos escritores o que lhes deu a infalibilidade.
“As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. Com efeito, a santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo (cfr. Jo. 20,31; 2 Tim. 3,16; 2 Ped. 1, 19-21; 3, 15-16), têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.
E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Por isso, «toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as obras boas» ( Tim. 3, 7-17) (Dei Verbum 11).
4. A Hermenêutica bíblica:
“Como, porém, Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.
Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem ser tidos também em conta, entre outras coisas, os «gêneros literários». Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de gêneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de fato exprimiu servindo se os gêneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se freqüentemente nas relações entre os homens de então. Mas, como a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo espírito com que foi escrita, não menos atenção se deve dar, na investigação do reto sentido dos textos sagrados, ao contexto e à unidade de toda a Escritura, tendo em conta a Tradição viva de toda a Igreja e a analogia da fé. Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja. Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar e interpretar a palavra de Deus”.
5.      Sagrada Escritura, Igreja e Teologia
“A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar contìnuamente os seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do Ocidente, bem como das sagradas liturgias. É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da sagrada teologia, trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que, sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos, estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus. O sagrado Concilio encoraja os filhos da Igreja que cultivam as ciências bíblicas para que continuem a realizar com todo o empenho, segundo o sentir da Igreja, a empresa felizmente começada, renovando constantemente as suas forças” (Dei Verbum 23).
Recentemente o Papa Bento XVI, num discurso à Pontifícia Comissão Bíblica esclarecia esse tema.
“Só o contexto eclesial permite à Sagrada Escritura ser entendida como autêntica Palavra de Deus, que se converte em guia, norma e regra para a vida da Igreja e em crescimento espiritual dos crentes.
Isso, não impede de nenhuma maneira uma interpretação séria, científica, mas abre também o acesso às dimensões ulteriores de Cristo, inacessíveis a uma análise só literária, que é incapaz de acolher em si o sentido global que através dos séculos guiou a Tradição de todo o Povo de Deus.
Há um princípio hermenêutico sem o qual os escritos sagrados ficariam como letra morta, só do passado: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do próprio Espírito mediante o qual foi escrita. 
O estudo científico dos textos sagrados é importante, mas não é por si só suficiente, pois levaria em conta só a dimensão humana.
Para respeitar a coerência da fé da Igreja, o exegeta católico tem que estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, dentro da mesma fé da Igreja.
O exegeta católico não se sente só membro da comunidade científica, mas também e sobretudo membro da comunidade dos crentes de todos os tempos. 
Na realidade, estes textos não foram entregues só aos pesquisadores ou à comunidade científica para satisfazer sua curiosidade e ou para oferecer-lhes temas de estudo e de pesquisa. Os textos inspirados por Deus foram confiados em primeiro lugar à comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a vida de fé e para guiar a vida de caridade.
Uma hermenêutica da fé corresponde mais à realidade deste texto que uma hermenêutica racionalista, que não conhece Deus”
Na ausência deste imprescindível ponto de referência, a pesquisa exegética ficaria incompleta, perdendo de vista sua finalidade principal, com o perigo de ficar reduzida a uma letra meramente literária, na qual o verdadeiro autor, Deus, deixa de aparecer”.

Liturgia e Apocalipse

O livro do Apocalipse é um dos mais lidos e comentados do Novo Testamento, isto porque que este livro causa um certo impacto e uma certa expectativa no leitor. Estas expectativas acontecem devido: o seu estilo, as imagens presentes no texto,  aspectos catastróficos etc. Por isso,  tem-se num conceito popular uma visão meio que deturpada deste livro onde a concepção que se sobressai é de um livro que conta as possíveis catástrofes vindouras na história e também do fim dos tempos. Com isso, sua leitura gera uma insegurança e um medo no leitor. Mas afinal, o que significa apocalipse? Qual a relação entre o Apocalipse e a liturgia?
Apocalipse (em grego, apokálypsis=revelação) é um gênero literário que se tornou usual entre os judeus após o exílio da Babilônia (587-583 a.c) trata-se sobre o fim dos tempos: descreve o juízo de Deus sobre os povos, de modo a punir os maus e premiar os bons. Essa intervenção de Deus é acompanhada de sinais que abalam a natureza (todo o apocalipse descreve sempre cenários cósmicos); é freqüente o recurso a símbolos e números simbólicos nesse gênero literário. Sobre este pano de fundo o autor do Apocalipse quis proceder de modo que: descreveu cenas de horríveis calamidades (simbolizando os males que os cristãos sofrem no cotidiano da sua existência terrestre), entrecortadas por visões da corte celeste, onde os anjos e os santos cantam “Aleluia! A vitória compete ao Cordeiro que foi imolado e está de pé”. Assim, estes acontecimentos descritos no Apocalipse só podem ser entendidos a luz do “Evento Cristo”.
Jesus Cristo é a chave de leitura para a compreensão do Apocalipse, ou seja, este trata da celebração dos mistérios de Cristo. E sendo celebração podemos afirmar tendo base em algumas perícopes que esta é uma grande liturgia. Esta liturgia da celebração dos mistérios de Cristo fora dada a Igreja que tem a autoridade de salvaguardá-la e de utiliza-la como caminho de salvação e de contemplação do “Eterno no tempo”, conduzindo assim por meio destes os seus fiéis até que se chegue o “Dia do Senhor”. A liturgia é ação do “Cristo total”, os que agora a celebram, além dos sinais, participam já da liturgia do céu, onde a celebração é inteiramente Comunhão e Festa.
No livro do Apocalipse nos deparamos com alguns símbolos de nossa liturgia: incenso, altar, oficiantes por vezes designados como sacerdotes, participantes que se prosternam, adoram, cantam a glória de Deus e de sua obra em Jesus Cristo por meio de hinos de caráter muito tradicional. O Aspecto litúrgico de numerosa passagens do Apocalipse salta aos olhos do leitor menos mentalizado. Por vezes tem-se o sentimento de assistir a um diálogo litúrgico entre um oficiante e uma comunidade que lhe responde. Várias destas proclamações, especialmente o Santus, figuram hoje entre as partes essenciais das grandes liturgias cristãs, ou seja, a “Santa Missa”.
O capítulo quatro nos apresenta a “Liturgia Celeste”, nela podemos perceber a presença de “um trono que está colocado no céu e nele sentado alguém cujo aspecto era de jaspe e cornalina” (Ap4,2,3). Ao redor deste trono “havia vinte e quatro anciãos, com veste brancas e coroas de ouro na cabeça” (Ap4,4). Deste trono “saíam relâmpagos e ouviam-se trovões. Sete tochas de “fogo ardiam diante do trono, os sete espíritos de Deus”. No centro rodeando o trono estavam quatro seres com aspecto de: leão, touro, homem e águia. Estes seres de dia e de noite davam graças àquele que estava sentado no trono e diziam: “Santo, santo, santo, Senhor Deus Todo-poderoso, aquele que era e é e será” (Ap4,8).
O quinto capítulo traz presente um problema que é encontrar o significado do misterioso livro que ocupa neste capítulo tão grande lugar. Aparece também a figura de um Cordeiro Imolado que tem a missão de abrir o rolo e soltar seus selos. Diante disso todas as criaturas cá no céu ou na terra diziam: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor, a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Outro capítulo importante para esta realidade é o sétimo que traz presente a realidade daqueles que se salvam: “ouvi o número dos marcados com o selo” (Ap 7,4). Depois foi avistada uma multidão enorme que ninguém podia contar e estes gritavam: “A vitória ao nosso Cordeiro” (Ap 7,10). Estes estavam de vestes brancas e saíram da tribulação e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro. O capítulo oitavo fala dos sete anjos que estavam diante de Deus e que a eles foram entregues sete trombetas. Veio assim um outro anjo que se colocou diante do altar com um turíbulo fumegante e da sua mão subia a fumaça de incenso com as “orações de todos os santos até à presença de Deus” (Ap 8,4). O anjo tomou o turíbulo e arremessou à terra.
Os capítulos 21-22 do livro do Apocalipse nos trazem uma visão de uma Igreja que fora descida do céu a “nova Jerusalém”, a cidade santa que “descendo do céu, de junto de Deus, preparada como noiva que se apronta para o noivo” (Ap21,2).
O Apocalipse de São João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos primeiro que “um trono estava erguido no céu e Um sentado no trono” (Ap4,2): Este podemos dizer que é o Senhor Deus. Depois logo revela o Cordeiro, “imolado e de pé” (Ap 5,6), Este é o Cristo crucificado e ressuscitado, o único Sumo Sacerdote do santuário verdadeiro, o mesmo “que oferece e que é oferecido, que dá e que é dado”, isto podemos ouvir nas palavras da Consagração “que será dado por vós e por muitos para a remissão dos pecados”. E por último, revela “o rio da Vida que brota do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22,1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo.
Recapitulados em Cristo, participam do serviço do louvor de Deus e na realização de seu intuito: as Potências Celestiais, toda a criação (os quatro viventes), os servidores da Antiga e da Nova Aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo Povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em particular os mártires “degolados por causa da Palavra de Deus” (Ap 6,9-11), e a Santíssima Mãe de Deus ( Ap 12) e finalmente “uma multidão imensa, que ninguém poderia contar, de toda nação, raças, povos e línguas” (Ap 7,9). Ora, onde na terra encontramos uma Igreja universal que adora de uma forma fiel à visão de João? Onde encontramos sacerdotes paramentados de pé à visão diante de um altar? Onde encontramos homens consagrados ao Celibato? Onde ouvimos anjos serem invocados? Onde a arte exalta a mulher coroada de estrelas, com a lua debaixo dos pés, que esmaga a cabeça da serpente? Onde os fiéis suplicam a proteção do arcanjo São Miguel?
Onde mais, a não ser na Igreja Católica e, mais especificamente na Missa? O nosso Saudoso Papa João Paulo II em sua venerável memória, dizia: ‘’ que a Missa é o céu na terra” e ele explicou que “a liturgia que celebramos na terra é misteriosa participação a liturgia celeste”. Assim, a nossa liturgia participa da liturgia celeste! Na missa, já estamos no céu. Dessa maneira, precisamos aprender a ver o Apocalipse como a Igreja o vê, ou seja, se queremos entender o sentido do Apocalipse, temos que aprender a lê-lo com uma imaginação sacramental. Podemos então perceber que os símbolos trazidos pelo Apocalipse estão em nossa liturgia:
Missa dominical – 1,10
Sumo sacerdote- 1,13
Altar- 8,3-4; 11,1;14,18
Sacerdotes 4,4; 11,15; 14,3; 19,4
Paramentos 1,13; 4,4;6,11; 7,9;15,6;19,13-14
Celibato consagrado 14,4
Candelabros 1,12;2,5
Penitência caps.2 e 3
Incenso 5,8; 8,3-5
O livro 5,1
A hóstia eucarística 2,17
Taças (cálices) 15,7; 16;21,9
O sinal-da-cruz 7,3; 14,1; 22,4
O glória 15,3-4
O Aleluia 19,1.3.4.6
Corações ao alto 11,12
O “Santo, Santo, Santo” 4,8
O Amém 19,4 ; 22,20
O “Cordeiro de Deus” 5,6
Virgem Maria 12,1-6.13-17
Intercessão dos anjos e santos 5,8; 6,9-10; 8,3-4
Devoção a são Miguel 12,7
Antífona 4,8-11;5,9-14; 7,1-12; 18,1-8
Leituras das Escrituras 2-3;5;8,2-11
O Sacerdócio dos fiéis 1,6; 20,6
Catolicidade ou universalidade 7,9
Contemplação silenciosa 8,1
O banquete das núpcias do Cordeiro 19,9.17
(HANN, 2002,p.107-108).
Portanto, o Apocalipse trata de uma reflexão sobre o culto, e este culto é a antecipação do Fim, do Julgamento, do Reino que acontece na Santa Missa. Contudo, tanto o Apocalipse quanto a liturgia nos falam sobre o Fim, pois, o fim tem o seu nome: Jesus Cristo. E é a este que a Igreja clama incessantemente numa única voz; “Maranatá”, ou seja, “ Vem, Senhor Jesus!”. Nesta grande prece a Igreja clama o nome de Jesus e se prepara para a parusia.
Pe. Jair Cardoso Alves Neto.

Adão e Eva existiram verdadeiramente?



O  livro do Gênesis, em seus três primeiros capítulos, usa de lin­guagem figurada para enunciar verdades perenes. Visto que já temos comentado tal matéria repetidarnente1, limitar-nos-emos abaixo a res­ponder estritamente a questão do título deste artigo, questão aliás freqüentemente formulada e nem sempre devidamente elucidada.
Eis o que se deve guardar a propósito:
1) O Senhor Deus criou o ser humano masculino e feminino (sem que esteja excluída a evolução da matéria preexistente até chegar ao grau de complexidade do corpo humano);
2) O Senhor concedeu aos primeiros pais urna especial graça espi­ritual chamada “justiça original”, que conferia ao homem eminente digni­dade;
3) consequentemente o Criador indicou aos primeiros pais um modelo de vida, figurado pela proibição de comer a fruta da árvore da ciência do bem e do mal. Já que o homem era elevado a especial com­unhão com Deus, devia comportar-se não simplesmente de acordo com seu bom senso ou suas intuições racionais, mas segundo as normas correspondentes a sua dignidade de filho de Deus;
4) O homem, por soberba, disse Não a esse modelo de vida ou ao convite do Criador, perdendo assim a justiça original.
Pois bem. Adão e Eva representam o ser humano assim tratado por Deus. São tão reais quanto é real o gênero humano. Deus se apre­sentou ao homem nas suas origens, … ao homem real e não a um ser fictício. Verdade é que Adão e Eva são nomes de origem hebraica; não podem ser os nomes dos primeiros seres humanos, mas representam os primeiros seres humanos.
Há quem indague a respeito do aspecto físico dos primeiros ho­mens: eram belos, como dão a entender certos quadrinhos e filmes catequéticos?
Respondemos que a tradição judaico-cristã – sempre julgou que os primeiros pais eram dotados de harmonia ou beleza física correspondente as riquezas sobrenaturais de sua alma; terão perdido esse encanto após o pecado, gerando e então uma estirpe caracterizada por traços somáticos primitivos e cultura rudimentar; tal é, sim, a linhagem de que nos falam os fósseis. – Contudo não há necessidade de admitir que Adão tenha sido fisicamente mais belo e culturalmente mais evoluído do que os demais homens da pré-história; pode-se muito bem conceber que os dotes de alma que ele possuía, não se espelhavam sobre o seu corpo; a manifestação desses dons estava condicionada a perseverança de Adão no estado de inocência. O primeiro pai, porém, não perseverou; por isto, não se terá diferenciado, no plano meramente natural, dos demais ho­mens pré-históricos.
Não se deve acentuar exageradamente a perfeição do estado pri­mitivo da humanidade dito “de justiça original”. Terá sido um estado digno de todo apreço, mas do ponto de vista religioso e moral apenas, não sob o aspecto da civilização ou da cultura. Os primeiros homens de que fala o Gênesis, podem muito bem ter tido a configuração rudimentar e grosseira de que dão indícios os fósseis da pré-história; não é necessá­rio que hajam vivido de modo diferente daquele que conjeturam as ciên­cias naturais. Mesmo as idéias religiosas de Adão poderão ter sido pu­ras, sim, mas sob a forma de intuições concretas semelhantes as dos povos primitivos e das crianças; não se tratava de altos conhecimentos teológicos. – Vê-se, pois, que as clássicas descrições do “paraíso terres­tre” não devem em absoluto ser identificadas com a doutrina da fé.
D. Estevão Bettencourt
Ver PR 390/1994, pp. 521ss; 343/1995, pp. 55s; 425/1997, pp. 442ss.
Fonte: http://www.pr.gonet.biz/index-catolicos.php  



O que é inspiração bíblica?




A inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não conheça. Existe sim, o carisma da Revelação, especialmente nos profetas. Mas é diferente da inspiração bíblica. Esta se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros fatos documentados em fontes históricas, sem receber revelação divina. 

Inspiração Bíblica é a iluminação da mente do autor humano para que possa, com os dados de sua cultura religiosa e profana, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de Deus. O Espírito Santo fortalece a vontade e as potências executivas do autor para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu. 

Tais livros são todos humanos (Deus em nada dispensa a atividade racional do homem) e divinos (Deus acompanha a redação do homem escritor). A Bíblia é um livro divino-humano. Transmite o pensamento de Deus em roupagem humana. Assemelha-se ao mistério da Encarnação, onde Deus se revestiu de carne humana, pois na Bíblia a Palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego, com todas as suas particularidades de expressão). 

A finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Não foi escrita para nos ensinar ciências naturais, mas aquilo que ultrapassa a razão humana (o sentido do mundo, do homem, da vida, da morte, etc diante de Deus). Portanto, não há contradição entre a Bíblia e as ciências naturais. Mesmo Gênesis 1-3 não pretende ensinar como nem quando o mundo foi feito. 

A Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos? Há páginas na Bíblia não inspiradas? 

Toda a Bíblia, em qualquer de suas partes, é inspirada, qualquer que seja a sua temática. Ocorre, porém, que Deus comunica sua mensagem religiosa em linguagem familiar pré-científica, bem entendida no trato quotidiano. Por exemplo, quando falamos em "nascer-do-sol" ou "pôr-do-sol", supomos o sistema geocêntrico (ultrapassado), mas não somos taxados de mentirosos, porque não pretendemos definir assuntos de astronomia. Assim, quando a Bíblia diz que o mundo foi feito em 6 dias, ou que a luz foi feita antes do sol e das estrelas, ela não ensina teorias astronômicas, mas alude ao mundo em linguagem dos hebreus antigos para dizer que o mundo todo é criatura de Deus. Portanto, em assuntos não-religiosos, a Bíblia adapta-se ao modo de falar familiar ou pré-científico dos homens que, devidamente entendido, não é portador de erro. 

Também todas as "palavras" da Escritura são inspiradas. Os conceitos dos homens estão sempre ligados às palavras. Quando o Espírito Santo iluminava a mente dos autores sagrados, iluminava também as palavras. É por isto que os próprios autores sagrados fazem questão de realçar de realçar vocábulos da Bíblia: Jo 10,34-35; Hb 8,13; Gl 3,16. 

Notemos, porém, que somente as palavras das línguas originais (hebraico, aramaico e grego) foram assim iluminadas. As traduções bíblicas não gozam do carisma da inspiração. Por isso, ao ler a Bíblia, devemos nos certificar de estarmos usando uma tradução fiel e equivalente aos originais. 

"Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça." (2Tm 3,16).

Para extrair a mensagem religiosa é absolutamente necessário levar em conta o gênero literário do texto. Por exemplo, "leis" tem seu gênero literário próprio (claro e conciso para que ninguém possa se desculpar), a poesia tem gênero literário oposto ao das leis (metafórico, subjetivo). Uma crônica é diferente de uma carta. Uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é diferente de um fato histórico.

Na Bíblia há diversos gêneros: histórico; história em estilo popular (Sansão); poesia; parábola; alegoria (Jo 15,1-6); a lei e muitos outros. Cada gênero tem suas regras de interpretação próprias. Não posso entender uma poesia (cheia de imagens) como entendo uma lei (clara e sem imagens). Assim, a criação do mundo em Gn 1 é poesia. Enquanto a narração da Última Ceia é relato histórico. Este devo entender ao pé da letra, enquanto aquele outro não o posso.

Antes de ler um livro da Bíblia é necessário se informar do seu gênero literário, a fim de entender os critérios de redação adotados pelo autor. Tal informação pode ser obtida nas introduções que as edições bíblicas apresentam para cada livro sagrado.

Pergunta-se ainda: se a Bíblia é toda inspirada, como se pode explicar as "contradições" e "erros" que ela contêm? Afinal Deus existe como afirma Jo 1,18 ou não existe como afirma Sl 52(53), 1 ? O sol parou, conforme Js 10,12-14 e Is 38,7s? De Abraão a Jesus houve apenas 42 gerações (Mt 1,17) ? Afinal o maná, era insípido e pouco atraente (Nm 11,4-9) ou saboroso (Sb 16,20s) ?

Responde-se: A Bíblia é isenta de erros em tudo aquilo que o hagiógrafo como tal afirma e no sentido em que o hagiógrafo entendeu.

Portanto, em outras palavras, para obtermos a mensagem isenta de erros devemos verificar se é algo afirmado pelo próprio hagiógrafo, ou se ele afirmou em nome de outrem e qual o gênero que ele adotou.

Voltando aos casos apontados: Em Jo 1,18 o hagiógrafo, como tal, é quem afirma que Jesus revelou Deus Pai. Mas no salmo 52(53), 1, o hagiógrafo apenas afirma (com plena veracidade) que o insensato nega a existência de Deus. O insensato erra ao negar, o salmista apenas verifica o fato. A "parada do sol" está dentro de um contexto de poesia lírica, onde "estacionamento do sol" quer dizer "escurecimento da atmosfera, clima de tempestade de granizo". Josué pediu a Deus essa tempestade, a qual é relatada em Js 10,11. Os demais casos se enquadram no uso do gênero literário do midraxe.

Midraxe é uma narração de fundo histórico, ornamentada pelo autor sagrado para servir à instrução teológica. O autor conta o fato de modo a destacar o valor ou o significado religioso deste fato. Sua intenção não é a de um cronista, mas a de um catequista ou teólogo. O caso do maná: em Nm há uma narração de cronista, enquanto em Sb é apresentado o sentido teológico do maná num midraxe. O maná era saboroso não por seu paladar, mas por ser o penhor da entrada do povo na Terra Prometida. As 42 gerações relatadas entre Abraão e Jesus visa destacar a simbologia do número 42 (3 x 14): em Cristo se cumpre todas as promessas feitas a Israel, é o Consumador da obra de Davi.

Ao meditarmos a Bíblia, oremos como Santo Agostinho: "Faze-me ouvir e descobrir como no começo criaste o céu e a terra. Assim escreveu Moisés, para depois ir embora, sair deste mundo. Agora não posso interrogá-lo. Se pudesse, eu lhe imploraria para que me explicasse estas palavras. Mas não posso interrogá-lo. Por isso dirijo-me a Ti, Verdade, Deus meu, de que estava ele possuído quando disse coisas verdadeiras. E Tu, que concedeste a teu servo enunciar estas coisas verdadeiras, concede também a mim compreendê-las." (Confissões XI 3,5)

"Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular. Nenhuma foi proferida pela vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" (2Pd 1,20-21)
Fonte: Apostila do Mater Ecclesiae: Curso Bíblico.


Fonte: http://www.ecclesia.com.br
O desespero incessante da vida sem Deus
Por Wagner Kaba
uitos ateus se comprazem em afirmar que os crentes são pessoas iludidas pela idéia da existência de Deus. Muitos discordarão desta alegação, inclusive o autor deste artigo. Mas este texto não tem como foco analisar a suposta ilusão daqueles que crêem e sim, analisar uma ilusão freqüente compartilhada por muitos daqueles que não crêem: a idéia de que Deus é irrelevante para a questão do sentido da vida. Será que se pode declarar a morte de Deus e, mesmo assim, alegremente afirmar que a vida possui sentido?
Os cientistas afirmam que o universo está fadado a morrer. Como ele está em expansão desde o Big Bang, tudo que nele existe está se tornando cada vez mais distante. Com o passar do tempo, as estrelas perderão seu calor e irão morrer. Deste modo, o universo se tornará cada vez mais frio, e sua energia irá se esgotar. O espaço ficará repleto de cadáveres estelares que serão tragados por buracos negros. E até mesmo os buracos negros serão consumidos e irão se evaporar. Assim, todas as coisas estão condenadas a desaparecer sob os escombros de um mundo agonizante. Tudo o que foi construído pelo homem desaparecerá sem deixar nenhum vestígio. Não haverá nenhum ser vivo para contar alguma história e nenhum outro para ouvi-la. “Tudo aquilo que já formou você, as montanhas, as estrelas e tudo o mais será uma coisa só: um mar escuro de energia. Um mar cada vez mais frio, inerte. Sem nada nem ninguém para acender a luz.” [1]
Neste cenário, faz alguma diferença fundamental o fato de o universo algum dia ter existido? Quer o universo tenha surgido ou não, no final das contas o resultado é o mesmo: um vazio negro, frio e inerte. Assim, como tudo acaba em nada, não faz diferença nenhuma se algo existiu ou não. Portanto, o universo não tem um sentido fundamenta [2].
Este mesmo raciocínio pode ser aplicado ao ser humano. Se Deus não existe, o homem está condenado a desaparecer como se nunca houvesse existido. Deste modo, no final das contas, não fará diferença nenhuma o fato de algum homem ter surgido sobre a face da terra. A humanidade, portanto, não tem mais importância do que um enxame de mosquitos ou uma vara de porcos, pois seu fim é o mesmo. O mesmo processo cósmico cego e mecânico que a vomitou no início um dia acabará por engoli-la [3]. No final, todos os esforços humanos terão sido em vão. A contribuição dos cientistas para o avanço da ciência, os esforços dos pacifistas para promover a paz, as pesquisas médicas para descobrir a cura de doenças, o trabalho dos humanitaristas para erradicar a pobreza – no final, tudo o que custou tanto para ser conquistado, muitas vezes à custa de inúmeras vidas, desaparecerá como se nenhum esforço houvesse sido realizado. Desta forma, tudo acaba em nada e, portanto, o homem é nada.
O filósofo William Lane Craig apresenta o quadro em que estamos inseridos:
Se cada pessoa deixa de existir quando morre, que sentido fundamental pode ser dado à sua vida? Realmente faz diferença se ela existiu? Pode ser dito que sua vida foi importante porque influenciou outros ou afetou o curso da história. Mas isso mostra apenas um significado relativo da sua vida, não um sentido fundamental. Sua vida pode ter importância relativa a certos acontecimentos, mas qual é o sentido fundamental desses acontecimentos? Se todos os acontecimentos não têm sentido, então que sentido fundamental pode haver em influenciá-los? No final das contas, não faz diferença.” [4]
Mesmo assim, muitos ateus insistem em dizer que a vida possui propósito. “A vida não vem com um manual de instruções indicando seu sentido”, dizem eles. “Somos nós que o criamos. E é isto o que faz a vida tão maravilhosa. Podemos escolher o que queremos, que sentido e que rumo queremos dar a ela.”
Inventar um sentido para a vida pode até ajudar uma pessoa a se sentir bem. Mas esta invenção não passa de um auto-engano para ajudar a suportar a dura realidade da existência, visto que a vida continua sem sentido em termos objetivos do mesmo jeito.
Se Deus não existe, o que é o homem? Ele é apenas um subproduto acidental da natureza que evoluiu recentemente em um ponto de poeira infinitesimal perdido em algum lugar de um universo hostil e sem sentido e que está condenado a perecer individualmente e coletivamente em um espaço relativamente curto de tempo[5]. Nesta ordem de idéias, homem é mero produto do acaso e não há propósito nenhum em sua existência. E nenhuma tentativa de se inventar um sentido para a existência poderá mudar estes fatos. Portanto, inventar um sentido para sua vida não passa de um exercício de auto-engano.
Além de tudo, o universo não adquire sentido apenas porque alguém lhe atribui algum. Suponha que duas pessoas dêem sentidos diferentes ao universo. Quem tem razão? A resposta, é claro, nenhuma das duas. O mundo sem Deus permanece sem sentido em termos objetivos, não importa o que as pessoas pensem. Assim, atribuir um sentido ao universo não passa de um exercício de auto-engano[6].
Mas por que esta discussão sobre o sentido da vida é tão importante? A resposta é que, para ser feliz, o homem necessita de um sentido para sua existência. Por quê? Porque o homem se alimenta de auto-estima. Uma auto-estima baixa pode levar facilmente à depressão e ao suicídio. E dificilmente alguém pode manter elevada sua auto-estima se descobrir que sua vida não tem nenhum propósito.
Assim sendo, se Deus não existe, a vida não tem sentido. E se a vida não tem sentido, o homem que possui consciência desta verdade terá uma séria dificuldade para ser feliz. Portanto, a existência de um Deus amoroso é uma peça importante para a construção da felicidade.
A única solução que um ateu pode oferecer diante do absurdo da vida sem Deus é enfrentar este absurdo e procurar viver com coragem. O filósofo ateu Bertrand Russell, por exemplo, sugeriu que devemos construir nossas vidas “sob o firme fundamento do desespero incessante”:
Que o homem é o produto de causas que não possuíam conhecimento do fim que estavam alcançando; que sua origem, seu crescimento, suas esperanças e crenças, seus amores e temores, não passam do resultado de colisões acidentais de átomos; que nenhum fogo, nenhum heroísmo e nenhuma intensidade de pensamentos e emoções podem preservar uma vida além do túmulo; que todo labor de todas as eras, todas as devoções, toda inspiração, todo brilhantismo do gênio humano estão fadados à destruição na grande morte do sistema solar e que todo o templo das conquistas humanas deve ser inevitavelmente soterrado debaixo dos escombros de um universo em ruínas – todas estas coisas, se não estão além das controvérsias, são quase tão certas que nenhuma filosofia que as rejeite pode ter esperanças de se sustentar. Somente sobre a base destas verdades, somente sobre o firme fundamento do desespero incessante, pode-se construir seguramente, de agora em diante, a habitação da alma.” [7]
Na hipótese de que o ateísmo seja verdadeiro, estamos diante deste quadro terrível sobre a condição humana. Mas se o Cristianismo é verdadeiro, então existe um poder de amor por trás do universo. Um poder pessoal de amor tão grande que todos os homens e mulheres, velhos e crianças são especiais para ele. Ele ama tanto o ser humano que há um significado em cada vida. Ele realmente sabe sobre a queda de todos os pardais e, até mesmo, os cabelos de cada pessoa estão contados.
Por derradeiro, este texto não realizou nenhum esforço para demonstrar a existência de um Criador Divino. Também não houve nenhuma tentativa para se refutar a idéia de que a crença no sobrenatural é uma ilusão. Para se atingir estes objetivos seria necessário um espaço muito maior. Por isso, o propósito deste artigo foi simplesmente o de enunciar as alternativas de forma clara. Se Deus não existe, a vida é um absurdo e o homem deve construir sua existência sobre o “firme fundamento do desespero incessante”, conforme palavras do filósofo ateu Bertrand Russell. Se o Deus cristão existe, todas as pessoas são especiais para ele e possuem valor e significado.
É possível demonstrar racionalmente que o cristianismo é uma cosmovisão mais plausível do que o ateísmo[8]. No entanto, mesmo que as evidências para o ateísmo e para o cristianismo fossem equivalentes, uma pessoa racional deveria escolher o último. Todo ser humano deve buscar a verdade e evitar o erro. Mas, se as evidências que suportam as duas cosmovisões são ambíguas, não parece sensato preferir o desespero e a ausência de sentido do que uma vida com propósitos.

NOTAS
[1] NOGUEIRA, Salvador. Para onde vamos? Disponível em http://super.abril.com.br/revista/246/materia_revista_261312.shtml?pagina=1
[2] CRAIG, William Lane. A veracidade da fé cristã: uma apologética contemporânea. Tradução Hans Udo Fuchs. São Paulo: Vida Nova, 2004. P. 59.
[3] Ibidem, p. 59.
[4] Ibidem, p. 58.
[5] Idem, A imprescindibilidade de bases meta-éticas teológicas para a moralidade. Disponível em http://www.apologia.com.br/?p=9
[6] Idem, op. cit., p. 64,65.
[7] RUSSELL, Bertrand. A free man´s worship. Disponível AQUI
[8] A pessoa que desejar analisar as evidências em favor da verdade do Cristianismo pode estudar os seguintes livros: CRAIG, William Lane. A veracidade da fé cristã: uma apologética contemporânea. São Paulo: Vida Nova, 2004; GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Editora Vida, 2006; STROBEL, Lee. Em defesa de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 2001; Idem, Em defesa da fé. São Paulo: Editora Vida, 2002. Pode-se estudar também os artigos disponíveis no blog Apologia http://www.apologia.com.br



QUEM É O CATEQUISTA

O catequista é aquele que realiza o “querigma”. O catequista é uma mistagogo. “Mist” que vem de mistério e “agogia” que tem a ver com “conduzir”, “guir”. Logo, significa ação de guiar para dentro do mistério. É mergulhar, é iniciar. Um incansável caminhar em direção ao grande sol nunca tocado e alcançado totalmente.


É exemplo de Jesus é necessário ensinar pelas ações. Cuidado!  É preciso ser atualizado. O catequista não é professor e a catequese não é aula.
Jesus Cristo é o centro da catequese. Tudo deve ser feito em relação a ele. Todo o desenvolvimento da catequese deve ser um constante apontar Jesus Cristo. Por isso, o catequista precisa ter encontrado Jesus e cultivar por ele um amor peculiar e de tamanho sem igual. Antecede a essa preparação teológica o encontro pessoal com Jesus pela oração, pois, o catequista só conseguirá ter um apostolado eficaz se estiver mergulhado no mistério do amor de Deus. Caso, contrário, será um mero transmissor de conhecimentos teóricos e os ouvintes não se tornarão fascinados, enamorados por Jesus Cristo.
É importante ter presente na hora de elaborar a catequese, conforme a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (44), a catequese deve ser adaptada à idade, à cultura e à capacidade do catequizando, procurando sempre fazer com que ele grave na memória, na inteligência e no coração, as verdades essenciais que deverão permanecer durante toda a sua vida. E os catequistas devem ser bem preparados e demonstrarem-se cuidadosos, procurando conhecer cada vez mais esta arte superior, indispensável e exigente da catequese.








RETOMANDO A CAMINHADA

As últimas liturgias vivenciadas em comunidade nos situam num contexto de profunda epifânia. O Deus-menino troca “presente conosco” e todos aqueles que o encontram e o acolhem tem sua existência profundamente transformada e modificada. Os reis magos depois de visualizarem e adorarem o Deus-menino retornam para sua região, porém, agora recebem orientação de como caminhar sem cruzar com o caminho do mal. O terrível e implacável Herodes continua existindo, mas a luz que vem de Cristo permite que os magos passem à margem e retornem para casa (Cf. Mt 2,12).
Tenho acompanhada às noites o seriado Terra Nova transmitido por um canal a cabo e também por um canal aberto. Sinceramente o seriado é muito bom, infelizmente no canal aberto é transmitido muito tarde. Talvez porque os personagens estejam muito bem vestidos e não há nenhuma cena que mereça ser censurada. O horário nobre de alguns canais aberto está sendo usado, com grande frequência, para apresentar programas de baixo nível moral, de promiscuidade e outros. Programas vazios compostos por personagens vazias e roteiros vazios e do outro lado da telinha um telespectador vazio. De acordo com o receptor vai o conteúdo. 
Terra Nova traz alguns detalhes muito interessantes como, por exemplo, a vida comunitária, a vida familiar. É uma comunidade praticamente perfeita até parece a comunidade cristã de Jerusalém (Cf. At 2,42-47). Tudo funciona bem! Há uma grande reciprocidade entre os membros. Cada um auxilia a comunidade com aquilo que sabe fazer. Porém, existe outro detalhe que não pode passar despercebido. O nome de Deus não é mencionado e não se constata qualquer referência ao sagrado. Deus não existe! Ele está morto ou se existe não interfere em nada na existência humana. O seriado é, portanto, um grande reflexo da grande comunidade europeia que se tornou ateia e acredita poder viver e seguir pelas estradas da vida e além sem a orientação divina. É o relativismo tão denunciado pelo papa Bento XVI. É necessário mencionar que a comunidade é composta por pessoas que se refugiaram ou fugiram do mundo. Além das cercas de proteção da comunidade (que moram num local como se fosse uma colmeia) estão os inimigos e monstros que atentam contra à vida. Quando Deus se ausenta de nossas vidas acabamos sempre criando um mundo à parte e ignorando os nossos monstros. Nossas forças são reduzidas e o inimigo acaba se fortalecendo porque estamos em proporção menor. A Europa em grande parte expulsou Deus. Os resultados são visíveis. Quando se retira Deus vai-se gradativamente perdendo tudo. Nossos irmãos europeus perderam a moral, a ética, os princípios norteadores da comunidade humana e agora, por fim, estão observando a sua economia desfacelar. É um momento caótico, pois, enquanto se possui dinheiro e economia forte, as coisas são remediadas e camufladas. É um novo atentado terrorista semelhante ao de 11 de setembro de 2001, porém, com prejuízos e duração bem maiores e com repercussões no gênero humano incalculáveis. É sumamente necessário que a sabedoria de Deus volte a moldar a sabedoria humana (Cf. Eclesiastes 1,18) e que o homem retorne a consultar Deus. 
O Ano da Fé proclamado pelo papa Bento XVI deseja ser esse momento oportuno em que o homem encontre ou reencontre Deus com toda força.
A catequese que reiniciará suas atividades daqui mais alguns dias caminhará em consonância com o Ano da Fé. Buscará concretamente anunciar Jesus Cristo aos catequizando fazendo-os amar Cristo com amor-doação. Todavia, isso somente ocorrerá se a catequese conseguir ocasionar nos catequizando um encontro pessoal com o filho de Deus, Jesus Cristo. É necessário que o coração arda! (Cf. Lc 24,32). Assim, a catequese apresenta aos catequizandos uma pessoa concreta que cruzou este mundo e tocou a existência do ser humano. As crianças gostam de super heróis. O tal Ben 10 é a febre do momento. Quem sabe com criatividade e atenção evangélica os catequistas podem apresentar Jesus Cristo como “o super herói” que vence todo mal. Um forte abraço e fiquem com Deus. Perdoem-me a extensão do escrito, mas desta vez era necessário. Boa catequese em 2013!!!



ESPERANÇA É POSSIBILIDADE

O cristianismo é a religião da esperança, ou seja, da possibilidade. Quem não crê em mudanças não pode ser cristão. Falando em esperança acabamos de iniciar o tempo litúrgico do advento que é perpassado pela esperança. Essa é fundamentada no nascimento do Menino-Deus. Portanto, a nossa esperança não é algo sem fundamento, mas é baseada na encarnação do Verbo de Deus. É em vista dessa encarnação e da esperança que a Igreja convida-nos a conversão, ou seja, a mudança. Ainda bem que existe Jesus e que a esperança nos norteia, pois temos bastante o que mudar. Deixemos os outros de lado pelo menos durante o advento. Isso já é uma mudança.


Jesus propõe como modelo de perfeição, de autêntica existência humana, uma existência pobre, partilhada. Perfeito é aquele que vende tudo o que tem e oferece o dinheiro aos pobres. Depois, vem, e segue-me”, disse Jesus ao jovem rico (Mt 19,21-22). Portanto, vida verdadeira, vida perfeita é uma vida simples e sóbria, partilhada e aberta, humilde e transparente, doada e corajosa. É uma vida consagrada à causa da vida, da verdade, da ética, da justiça, da solidariedade. É a mesma causa de Jesus. É ternura e profecia, é testemunho e denúncia. Vida consumista e banal, aquela que corre atrás de emoções a qualquer custo, é a negação do sentido verdadeiro da vida; é desperdício, é negar-se como pessoa. Somente do meio dos pobres em espírito podem surgir verdadeiros profetas, pastores, conselheiros e testemunhas de uma humanidade reconciliada. Os profetas bíblicos nunca participaram dos conchavos ambíguos dos corruptos e dos exploradores. Até mais e bom advento.





“Conheçamos, corramos atrás do conhecer a Iahweh; certa, como a aurora, é sua vinda, ele virá a nós como a chuva, como o aguaceiro que ensopa a terra” (Os 6,3). Daqui alguns dias estaremos adentrando na liturgia a espiritualidade do Advento. O profeta Oseías retrata muito bem a centralidade da espiritualidade do Advento: buscar a Deus que não cansa de buscar o ser humano. O profeta fala que tal experiência com o Deus menino deve ser profunda, por isso, ele utiliza o verbo conhecer. O conhecimento gera a adesão, pois, aquele que verdadeiramente conhece a Deus já não lhe resiste. A fragilidade do menino Deus nos recorda “o giro de 180 graus” que as nossas vidas devem sofrer se quisermos acolher “aquele que nascerá no Natal”. 
Com os olhos fixos no menino Deus no presépio contemplamos a vocação de todo gênero humano. Diante de Deus somos sempre crianças frágeis, indefesas e dependemos tudo do “divino tutor”. Deixe-se encontrar com Deus. Baixe as armas! Repense as palavras antes de proferi-las; conte até dez!? Ame com intensidade, compartilhe concretamente. Perdoe muito o outro sem se preocupar com os merecimentos, pois, o Cristianismo não é uma questão de justiça e, sobretudo, com canta o Padre Zezinho SCJ: “que o Natal não seja apenas um dia”, pois, todo dia é Natal para aquele que permite que Cristo nasça em seu coração.


ACERTANDO OS PONTEIROS COM DEUS


Tenho constatado a grande dificuldade e inquietude que muitas pessoas possuem ao se debruçar sobre textos extensos e livros com um grande volume de páginas. Alguns nem se aproximam. Outros se aproximam, mas não conseguem ir adiante. O resultado imediato atinge também a nossa vida espiritual. 
O resultado imediato atinge também a nossa vida espiritual. Se algumas linhas ou páginas da Sagrada Escritura não suscitam interesses ou não concedem respostas logo se abandona tudo com a resposta que se tornou “chavão”: Não gostei, não me diz nada. A cultura e o mundo da imediatez adentram também o mundo do sagrado. Se Deus se demora eu vou embora. Vou buscar outra solução. É preciso recordar que Deus não age segundo nossas vontades e caprichos. Muitas vezes “Deus se atrasa”, mas o seu atraso não denota prejuízos. Evoca-me a atenção o texto de Lucas que se encontra também nos outros sinóticos (Cf. Lc 8,40-56). A filha do chefe da sinagoga estava doente e Jesus é avisado para que vá a casa de Jairo e intervenha na situação. Todavia, enquanto caminhava para a casa de Jairo uma nova situação se interpõe a Jesus, é a mulher com fluxo de sangue. A atenção de Jesus se desvia de seu intento primeiro. Parece até que Jesus se esquece da filha de Jairo. Quando Jesus chega até a casa de Jairo, humanamente já não era possível fazer nada, pois, a menina estava morta. A conclusão é que se Jesus não tivesse interagido com a mulher com fluxo de sangue a menina não teria morrido. Jesus se atrasou certo? Errado! Jesus fez muito mais do foi solicitado. O resultado final é dois a zero para Jesus. É preciso deixar Deus ser Deus. Tentar dominá-lo é querer torná-lo um ídolo novamente.



O que lhe faz feliz? 
A sintética frase de Antoine de Saint-Exupéry pronunciada há algum tempo ressoa no hoje da história como uma verdade antiga e sempre nova. De fato, o essencial é, e continua sendo invisível aos olhos. A felicidade não é materializável. Os bens mais caros ao ser humano não podem ser adquiridos através de cifras monetárias e por meio dos próprios esforços. Alegria e felicidade não rimam com visibilidade. Essa se situa na esteira do rápido e fugaz. E nunca é demais dizer que são as coisas eternas que fazem a vida humana ter sentido. Toda exterioridade que não contribui ou auxilia o gênero humano na sua vocação à transcendência se torna estorvo e pedra de tropeço.
 O exterior colabora com o interior do ser humano à medida que o ajuda a ir além, ou seja, a transcender. Um misto de eterno e terreno, este é o ser humano. Faz parte de nossa composição adâmica!






Lembrávamos que o evangelho de Marcos aborda de maneira contundente a relação de Jesus e os discípulos. Os discípulos não recebem elogios. No decorrer do desenvolvimento do evangelho com palavras e ações de curas o mestre Jesus interpela os discípulos e reclama a ignorância, a surdez e a cegueira que insistem em permanecer na mentalidade e no coração (Cf. Mc 6,52; 7,18; 8,18-19).

Pedro é sempre a primeira vitima. É o primeiro que fala e, por isso, o primeiro que apanha. A incompreensão de Pedro é tão grande que chega a querer mudar os desígnios de Deus, por isso, Jesus o chama de Satanás (Cf. Mc 8,33). Obscurecendo os planos divinos, Pedro se situa do lado oposto do evangelho, por isso, a atitude de Jesus tão dura é justificável. Apesar da dureza das palavras de Jesus a Pedro, a correção vem recheada de amor. Perceberemos que Pedro, posteriormente, compreenderá muito bem a mensagem de Jesus. Ele entenderá a lição da catequese. Pedro também foi curado de sua cegueira e surdez.
O demônio do comodismo e do tentar fazer do nosso jeito também habitava aquele que fora o primeiro Papa da Igreja. Desta forma, compreende-se o grande enfoque que o evangelista Marcos deposita sobre as curas e exorcismos. O verdadeiro discípulo missionário é aquele que precisa estar liberto de todos os demônios que ofuscam a visão e lhe retiram a audição. Somente desta maneira está apto para seguir o Senhor rumo à cruz. Rezando o texto do evangelho de Marcos procure identificar os “demônios” que estão atrapalhando a sua caminhada de discípulo missionário. Quem sabe nós, a exemplo de Pedro, receberemos a dolorosa advertência do mestre Jesus: “Afasta-te de mim Satanás”. Traduzindo: “Do jeito que está não pode ficar”. Um abraço cordial e boa leitura.






Todo ano no mês de setembro a Igreja Católica propõe que se lance um olhar mais acurado sobre determinado texto bíblico. Neste ano de 2012 o roteiro de estudo do mês da Bíblia é o texto do evangelho de Marcos. Em consonância com o Documento de Aparecida, a proposta é ler e rezar o evangelho de Marcos sob o enfoque do discipulado. 
De fato, o evangelho de Marcos é, por excelência, o evangelho do discipulado. Desde o início até a conclusão o texto marcano discorre acerca da pedagogia usada por Jesus Cristo para formar o discípulo. Marcos enfatiza a fragilidade e a incompreensão dos discípulos diante das propostas e dos ensinamentos do Mestre. A novidade do reino de Deus desinstala! O evangelista ainda demonstra a relação de intimidade entre Jesus e os discípulos. Por isso, acentua constantemente o encontro formativo ocorrendo num lugar à parte: “a casa”. 
A casa é uma chave interpretativa do evangelho de Marcos que não deve ser ignorada. Se debruce sobre o evangelho de Marcos e observe quantas vezes este substantivo aparece Observe lendo e rezando o quanto o evangelho Marcano ilumina a nossa vocação de discípulos missionários no hoje da história. Um forte abraço a você e tenha uma boa leitura e oração do evangelho de Marcos.








JUSTIFICADO E AUTO-JUSTIFICADO


Deus não está preocupado com coroamentos e prêmios de qualidades.  Os cristãos vivem no mundo, mas não são do mundo. 
Se for para “brigar”, brigam não pelo primeiro lugar, mas pelo último, pois, é no último lugar, com os últimos que Jesus Cristo se encontra. 
Acredite, permanecer no último lugar é muito mais difícil que lutar e almejar o primeiro.


É desconcertante e surpreendente o agir de Deus. Começamos a conhecê-lo quando descobrimos que pertencemos a ele não por mérito, mas por total gratuidade.

Com Deus não é assim. No Reino de Deus não ocorre desta forma. Se existe mérito foi dado por ele. 
É difícil compreender esta ação de Deus! Somos tão interesseiros e gostamos de receber prêmios e reconhecimento de tudo e de todos. Basta alguém não realizar este roteiro e nos magoamos e ferimos e aí a conclusão: “já não gostam de mim”.
Se por graça dele. O   sacrifíciopascal de Cristo nos recorda constantemente que nós nada podíamos fazer. Calma isto não é ruim! Pelo contrário é muito bom. Se os dons oferecidos  por Deus (salvação) fossem mérito de esforços humanos a grande maioria não os alcançaria. Ou todos não alcançariam? Por isso, sai justificado do templo não o fariseu piedoso, mas o publicano pecador que nem mencionou desejo de mudança de vida (Lc 18,9-14). 

O primeiro se exclui de Deus. É tão bom, faz tudo sozinho. O último reconhece a sua vida falida. Não tem méritos. 
“Só Deus na sua causa”.




  Você que leu o meu primeiro artigo deve estar recordado que prometi não escrever muito. Vou cumprir minha promessa! Tenho observado que ao postar alguma mensagem muito longo no meu face-book dificilmente as pessoas param para observar ou comentar o conteúdo. É a lógica deste mundo. Tudo precisa ser impactante ou do contrário fica à margem esquecido. De fato, pode-se criticar tais ações e comportamentos, todavia, não se pode deixar de aprender com eles. “É preciso estar atento aos sinais dos tempos”.

O efeito deve ser rápido e constatado visivelmente até aos olhos acometidos de alguma deficiência visual. O peso ou massa corporal adquirido ao longo de 20 anos ou mais é milagrosamente retirado “num instante” por um determinado remédio ou produto. O pior é que tem gente que acredita nessas fábulas. Esta é a lógica do mundo, aquilo que impera no mercado.


Quando abordamos a respeito da relação Bíblia e catequese emerge a pergunta: “Por que o nosso “produto”,  entenda-se Jesus Cristo, não vende? Verifica-se que a problemática não está no produto. O produto é bom.

 Porém, o nosso produto, ou seja, Jesus Cristo não responde a necessidade do mercado atual. A humanidade não parece estar preocupada com salvação eterna, mas, com uma boa vida ou vida boa. É urgente inflamar nas pessoas o desejo de eternidade, o gosto pelas coisas do céu, “pelas coisas que não passam” diz o Pe. Zezinho SCJ. Possivelmente este seja um caminho, mas, aviso não é o único. Forte abraço e o desejo que busque as coisas do alto.
 




Foi-me solicitado que escrevesse a respeito da relação entre Bíblia e catequese. Não que eu seja o mais indicado! Tenho plena certeza, e isto é muito bom, da existência de pessoas mais qualificadas para exercer tal tarefa. É possível que o bom Deus tenha me escolhido porque eu, a exemplo, de você que está lendo esta explanação tem grande necessidade de aprender e conhecer mais a respeito deste binômio: Bíblia e catequese.
No primeiro momento é necessário lhe dizer que eu não sou especialista nem em Bíblia e nem em catequese. Todavia, saliento que possuo um conhecimento maior na área bíblica. Aceitei esta tarefa pelo fato de ser, portanto, um desafio. Cristão que não avança para águas mais profundas fica olhando o peixe ir embora. Sei que o maior ganhador com grande possibilidade seja eu mesmo, pois, quando ofereço algo, o que é oferecido me transforma. Na linguagem poética: “fica sempre um cheiro de perfume nas mãos que oferecem rosas”.
Prometo a você que não escreverei muito. Quem entra num blog ou coisa do gênero não está procurando uma tese. Está em busca de algo simples e prático. Não oferecerei fórmulas mágicas. Sobretudo, farei perguntas, pois, as perguntas denunciam que algo está errado e do jeito que está não pode ficar! Detectar que o modelo de catequese atual passa por dificuldades é uma grande descoberta que poderá impulsionar a busca da resposta. Quem primeiro encontrá-la, por favor, compartilhe conosco. Promete que farei o mesmo. E olhe eu não estou com os dedos cruzados. Que Deus lhes abençoe muito, muito na realização de tão nobre tarefa: continuar apresentando Jesus Cristo.


                                               






WAGNO LEANDRO, seminarista da Arquidiocese de Cascavel.

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